domingo, 10 de janeiro de 2016

A concepção

Escrever é um ato sagrado. É gravar o abstrato numa dimensão visível e concreta.
É um ritual místico em que entidades habitantes do fantástico penetram sua alma no ato da criação.
Nesse cadinho de alterações de consciência surgem letras que se acasalam com outras letras,vírgulas e acentos e pontos finais e num movimento ondulante erótico-poético dão à luz palavras, frases e períodos completos.
Daí a ideia de "Pajelança das letras".
É intuição com um toque de razão.
É cérebro no ritmo do coração.
É passado, presente e futuro.
É disciplina com rebeldia calculada.
É o retorno do recalcado travestido de ficção.
Penso melhor que escrevo. Escrevo melhor que falo. O que não significa que escrevo bem. Apenas me sinto mais à vontade. Na escrita você pode mudar de ideia a qualquer momento, reescrever, apagar, reler, escrever de novo... já a letra falada... uma vez dita não tem como consertar.
"Pajelança das letras" não tem nenhuma outra pretensão que não seja reunir num único lugar minhas experiências cabalísticas na construção de textos.
Desejar ser lido é o desejo de todo escritor.
E todo escritor é um narcísico carente que além de ser lido quer ser amado. Ou odiado. Desejo nem sempre realizado. Ou nem sempre sabido. Talvez por isso o escritor não para de escrever.
Desejo que meus leitores realizem o meu desejo e o deles mesmos. Afinal, a leitura também é movida por um desejo secreto de se ter um prazer solitário. Tão solitário quanto o ato de escrever.
Bons encontros literários pra todos nós! 


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